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Irmãos de rua

Atualizado: há 2 dias

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Chegando na Fundação um dia desses, me deparei com a seguinte cena:


Na minha frente ia uma bicicleta dessas que tem uma caixa grande acoplada atrás, para transportar coisas. No meu ângulo de visão, vendo a parte de trás da bicicleta, vi um assistido encolhido dentro da caixa. Na frente, outro assistido pedalava a bicicleta, já quase chegando em nossa Obra.


Parei e perguntei para o que estava dentro da caixa o que tinha acontecido. Ele estava com o pé inchado e não conseguia andar. Disse que tinham batido nele de madrugada. Foi tentando andar até a Fundação, quando passou o outro com aquela bicicleta.


 Então o dono da bicicleta me disse:


- Ele me pediu pra trazer ele pro Pequeninos dona Marta. Eu trouxe, não deixo jogado não, não deixo não...


Na dureza da vida nas ruas, em meio à penúria, aquele que nada tem ainda consegue amparar outro ainda mais desafortunado. Dentro das profundezas das misérias humanas, há uma solidariedade rara que muito nos ensina.   


Logo que chegamos na Fundação, já acionei outros assistidos para o levarem para dentro. Ele sentia muita dor, e fomos providenciar alimento e socorro médico. Logo o Samu chegou e o levou para o atendimento.


Muitas vezes, ao chegar à Fundação quando o dia amanhece, encontramos alguém doente ou ferido na porta. Na noite negra da fome, da violência e de todo tipo de infortúnios, eles sabem onde buscar ajuda. Sabem que ali todos serão acolhidos e amparados de forma amorosa e humanizada.  É a casa da Maria Mãe, e todos somos ela!


E é ela, a mãe de todos nós, que nos dá forças e ânimo para continuar em meio a tantas agruras, tragédias, perdas, sofrimento, jovens perdidos para as drogas, vidas que findam solitárias no abismo do abandono.


Parafraseando José Saramago: "Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne e sangra todo dia". 

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Sangra por toda a injustiça e desigualdade, por tudo que desumaniza a vida. Sangra por todos os Pequeninos de Jesus que vivem à margem, ultrajados por uma pobreza que humilha e desorienta.


Vemos em cada um deles a face do Cristo sofredor e excluído, e aprendemos diariamente a lição da humildade de quem serve sem julgar, estendendo a mão em fiéis gestos de compaixão.  


Buscamos incansavelmente o conforto da solidariedade e da força do bem que transforma e inspira.

 

Texto de Marta Helena Meireles de Resende

 
 
 

1 comentário


Tânia Resende
Tânia Resende
há 4 dias

Lindo e comovente texto, maravilhoso o trabalho de vocês. Que Deus os continue abençoando e fortalecendo!

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